A menopausa é um marco muito importante na vida da mulher, principalmente porque pode acarretar sintomas que impactam e prejudicam a qualidade de vida. Não são todas as mulheres que apresentarão os sintomas relacionados a menopausa, ou nem sempre os sintomas são intensos a ponto de necessitar de tratamento. Porém nessa fase muitas mudanças podem ocorrer e a avaliação pelo médico endocrinologista é fundamental para orientar se há necessidade de algum tratamento. (Saiba mais)
Os sintomas mais prevalentes da menopausa são:
Humor lábil - irritabilidade e nervosismo alternado com o humor depressivo
Fogachos - ondas de calor
Ganho de gordura corporal
Insônia ou piora da qualidade do sono
Cansaço e indisposição
Alteração da memória
Diminuição da libido
Secura vaginal
Baixa massa óssea - osteopenia ou osteoporose
O tratamento convencional dos sintomas relacionados a menopausa é a reposição hormonal, hoje com hormônios sintéticos, porém bioidênticos e de baixa dosagem. Trata-se de um tratamento seguro e eficaz. No entanto, algumas mulheres possuem contra-indicação para o uso de hormônios, outras optam por evitar com receio dos efeitos colaterais. As medicações não hormonais possuem limitação no controle dos sintomas mas podem ser uma opção nesse grupo de mulheres.
Os inibidores seletivos da recaptação da serotonina e inibidores seletivos da recaptação da serotonina e norepinefrina, representados pela paroxetina, venlafaxina, duloxetina, desvenlafaxina, sertralina e o citalopram podem melhorar os sintomas de fogacho, insônia e oscilação do humor. Estudos mostram que a melhora dos fogachos pode ocorrer em até 65% dos casos. A American Cancer Society (ACS) e a American Society of Clinical Oncology (ASCO) recomendam que tais medicações sejam oferecidas como medicamento de primeira linha para pacientes menopausas e sintomáticas com antecedente pessoal de câncer de mama.
A gabapentina e a pregabalina são drogas anticonvulsivantes que também têm uma ação moderada em melhorar os fogachos. Quando comparados com os inibidores seletivos da receptação de serotonina se mostraram mais eficazes porém com maior efeito colateral, por isso são menos utilizadas na prática clínica.
A clonidina, um agonista alfa-adrenérgico com ação anti-hipertensiva que atua por meio da redução da reatividade vascular central e periférica, mostrou alguma efetividade em diminuir os sintomas de fogachos. Seria uma medicação de escolha para mulheres hipertensas.
À parte das medicações alopatas, os estudos de fitoterápicos e homeopatia são controversos. Poucos estudos e com número reduzidos de pacientes com o uso de extrato de pólen purificado mostraram diminuição da intensidade dos fogachos e melhora da insônia e cansaço quando comparado com o placebo. A purificação do pólen, eliminando potenciais partículas alérgicas torna o produto seguro para uso e sem efeitos colaterais descritos. Além disso, o pólen apresenta potente ação anti-oxidante podendo auxiliar no combate aos efeitos deletérios do envelhecimento.
Os dados de literatura sobre a cimicifuga racemosa se mostram conflitantes, ora com estudos mostrando benefícios, ora estudos não comprovando sua eficácia. A inconsistência desses dados e heterogeneidade dos resultados pode ser devido aos diferentes tipos de extratos existentes no mercado. O perfil de segurança desse fitoterápico se mostrou satisfatório, não sendo comprovado hepatoxicidade, previamente descrito com o seu uso.
Os fitoestrogênios, encontrados em produtos derivados da soja, já foram motivo de muitos estudos, uma vez que, por apresentarem componentes semelhantes aos hormônios estrogênicos, potencialmente apresentam afinidade para se ligarem aos receptores estrogênicos e assim ter alguma atividade hormonal. No entanto, apresentam pouca eficácia em combater os sintomas da menopausa
Em resumo, a terapia hormonal ainda é a melhor escolha de tratamento para a maioria dos sintomas da menopausa, pois segue o conceito de repor o que está faltando. Para casos selecionados, em que o risco da terapia hormonal é maior do que o benefício e para as mulheres que não desejam usar hormônios, as terapias não hormonais podem ajudar a amenizar os sintomas e trazer melhor qualidade de vida após a menopausa.
Dra. Vanessa Aoki Santarosa Costa
Médica Endocrinologista formada pela Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo
Atua em consultório médico particular na Vila Clementino, Zona Sul, São Paulo.
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