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  • Foto do escritorDra. Vanessa Santarosa

Terapia de Reposição Hormonal



Menopausa Precoce

   A falência ovariana precoce (FOP) ou menopausa precoce é definida como falência gonadal antes dos 40 anos de idade, acomete cerca de 1% das mulheres e clinicamente se manifesta por amenorréia (ausência de menstruações). A menopausa precoce pode ter diversas causas, desde doenças genéticas até tratamentos como quimio e radioterapia. As causas mais frequentes esão listadas no quadro 1. A principal causa de falência ovariana precoce é a de etiologia auto-imune presente em cerca de 20% dos casos. Seu diagnóstico é relativamente difícil e baseado na exclusão de outras causas conhecidas de FOP. Nesses casos é comum a associação com outras doenças auto-imunes como o hipocortisolismo da Doença de Addison, hipotiroidismo, diabetes do tipo 1 e miastenia gravis. Os sintoma da FOP incluem: alterações do ciclo menstrual até a fase de ausência de menstruações, fogachos, secura vaginal, diminuição da libido, alteração do humor, concentração e da cognição, indisposição. O diagnóstico da FOP é confirmado ao se demonstrar hipogonadismo hipergonadotrófico ou seja, sinais e sintomas compatíveis associado a pelo menos duas dosagens de FSH > 40 mUI/L, com intervalo de um mês. O tratamento baseia-se na reposição hormonal com estrógenos e progesterona e o principal objetivo da reposição refere-se ao alívio dos sintomas provenientes da deficiência estrogênica e a manutenção da massa óssea.



Menopausa


    A menopausa é o estágio que marca o fim da idade reprodutiva na mulher. Na maioria das mulheres ocorre entre os 45 e 50 anos, embora a partir dos 40 anos já possa iniciar os primeiros sintomas dessa fase, período que denominamos climatério. A definição de menopausa é a ausência de menstruação por um período mínimo de 1 ano. Previamente à menopausa observa-se a alteração dos ciclos menstruais, que podem se apresentar mais curtos ou mais prolongados, indicando certo grau da deficiência estrogênica que provoca também  os sintomas típicos do período, a exemplo das ondas de calor (fogachos), dos transtornos de humor e dos distúrbios do sono. Os principais sintomas da menopausa são insônia, sudorese diurna e noturna, labilidade emocional, depressão, ansiedade, irritabilidade, redução da libido, dificuldade de concentração, redução da memória e sintomas urogenitais como segura vaginal, dispareunia, urgência e incontinência urinária e episódios mais frequentes de infecção urinária.

   O diagnóstico da menopausa é essencialmente clínico. As dosagens de FSH superiores a 40 mU/ml em mais de uma dosagem e níveis de estradiol plasmático baixos ajudam a confirmar o diagnóstico. Uma vez diagnosticado a menopausa, algumas mulheres podem ser candidatas a terapia de reposição hormonal (TH). Deve ficar claro que existem indicações e contra-indicações para o seu uso e que portanto, não deva ser um tratamento universal.  A TH é indicada em mulheres na pós-menopausa com múltiplos objetivos, que compreendem o alívio dos sintomas decorrentes do hipoestrogenismo, conservação do trofismo urogenital, preservação da massa óssea e a melhora da sexualidade e do bem estar. São contraindicações à TH: doença hepática descompensada, câncer de mama e de endométrio, sangramento vaginal de causa desconhecida, doença coronariana e cerebrovascular, doença trombótica ou tromboembólica venosa e lúpus eritematoso sistêmico. A dose, a via de administração e a duração da TH para tratamento dos sintomas devem ser individualizadas. No entanto, deve-se utilizar as menores doses possíveis e em alguns casos a via transdérmica de administração pode ser mais interessante e segura.

Hipogonadismo Masculino

   O termo andropausa, à semelhança da menopausa, é uma nômina discutível na literatura. Sugere-se que o termo mais adequado para denominar a diminuição fisiológica dos níveis de testosterona seja hipogonadismo masculino tardio. Com o passar das décadas, ocorre uma queda gradual e fisiológica dos níveis de testosterona, porém na maioria das vezes, se mantendo dentro do valores de normalidade. Cerca de 20 a 30% desses homens  a partir dos 50 a 60 anos apresentarão níveis de testosterona abaixo do limiar de normalidade com manifestações clínicas mais evidentes e sem causa secundária para o hipogonadismo. Os sintomas mais prevalentes incluem diminuição da libido, dificuldade de ereção, diminuição dos pelos corporais, diminuição da massa muscular e da força física, aumennto da gordura corpora perda de memória, dificuldade de concentração, insônia, irritabilidade e ânimo deprimido. Diante da suspeita de hipogonadismo é fundamental investigarmos causas secundárias ou adquiridas e tratar a causa base, tais como hiperprolactinemia, IRC, hipotiroidismo, abuso de esteroides anabolizantes, obesidade mórbida e diabetes. Excluídas as causas secundárias e confirmado o hipogonadismo através de sintomas compatíveis e níveis de testosterona abaixo de 200-250 ng/dl e não havendo contra-indicações, o paciente pode ser um canditado ao tratamento de reposição hormonal. São contra-indicações absolutas o câncer de próstata, câncer de mama, níveis de PSA > 4 ng/ml, apnéia do sono severa, hematócrito > 50% e sintomas severos do trato urinário inferior devido à hiperplasia prostática benigna.      A terapia de reposição de testosterona é segura e efetiva e os agentes estão disponíveis nas apresentações orais (raramente utilizado), injeções intramusculares (mensais ou trimestrais), adesivos e géis transdérmicos. Durante o tratamento deve-se monitorizar os níveis de hematócrito (a testosterona pode agir estimulando a eritropoiese), níveis do PSA que podem sofrer discreto aumento (de 0,3 a 0,4 ng/ml por ano), um aumento maior ou igual a 1,5 ng/ml em dois anos é indicativo de câncer de próstata, e enzimas hepáticas.



Dra. Vanessa Aoki Santarosa Costa Médica Endocrinologista formada pela Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo Mestrado pela Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo Atua em consultório médico particular na Vila Mariana, Zona Sul, São Paulo.




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