top of page
  • Foto do escritorDra. Vanessa Santarosa

FDA aprova o pâncreas artificial. Saiba como ele funciona e suas limitações


pâncreas artificial, bomba de insulina, diabetes, insulina


    O FDA aprovou em início desse ano um protótipo de bomba com as primeiras características de um pâncreas artificial. Trata-se da bomba de infusão de insulina (BIC) acoplado ao sistema de monitorização contínua de glicose (CGMS) - ambos já existentes no mercado, porém com a novidade da tecnologia Control -IQ que consiste em um software que comanda a infusão de insulina nos períodos de jejum a depender dos valores de glicemia monitorizados pelo CGMS. Em outras palavras, a leitura em tempo real das glicemias pelo CGMS permite calcular as tendências de velocidade de queda ou aumento da glicemia sinalizando através do software a necessidade de diminuir, aumentar ou mesmo suspender a infusão da insulina de forma independente da programação prévia da bomba ou mesmo da intervenção do próprio paciente. A bomba decide, nos períodos de jejum, a quantidade adequada de insulina a ser infundida para manter os níveis de glicemia dentro de valores normais, evitando as tão temidas hipoglicemias e também os picos de hiperglicemia.

     A tecnologia Control-IQ, desenvolvida pelo Centro de Tecnologia do Diabetes da Universidade da Virginia, nos Estados Unidos, é o primeiro "controlador" da infusão de insulina, denominada inteligência artificial, que substitui o comando manual do paciente pela decisão da bomba em aumentar, diminuir ou suspender automaticamente a infusão de insulina baseado no histórico de infusão, leituras do CGMS e valores previstos de glicose calculados pelo algoritmo do software. Mais um passo para o pâncreas artificial foi dado! Porém, as limitações infelizmente existem.          

     Embora o sistema tenha sido testado quanto à confiabilidade, cálculo e comando incorretos, a velocidade na administração de insulina não é perfeita, podendo ocorrer atrasos. Essa nova tecnologia está indicada para pacientes com diabetes do tipo 1 acima de 14 anos de idade. A maior limitação está nos períodos da refeição em que a glicemia se eleva rapidamente e de forma imprevisível para esses softwares, pois variáveis como a quantidade de comida, proporção de carboidratos, gorduras e proteínas, tempo da refeição, dentre outros ainda não são possíveis de controlar. Portanto, a supervisão e tomada de decisão da quantidade de insulina a ser infundida no momento da refeição ainda depende do paciente. Mesmo com o Control -IQ o usuário da bomba deve fazer contagem de carboidrato nas refeições para determinar a infusão do bolus correto. Infelizmente, a bomba ainda não faz tudo sozinha como era de se esperar de um pâncreas artificial. Outro quesito importante que os pesquisadores estão estudando bastante é a administração do glucagon, outro hormônio importantíssimo secretado pelo pâncreas e que também está prejudicado no diabetes. Trata-se do hormônio que eleva a glicemia no sangue, sendo primordial nas situações de hipoglicemia. Dessa forma sim teríamos uma bomba que imita com maiores detalhes o funcionamento do nosso pâncreas. Estamos perto!


Dra. Vanessa Aoki Santarosa Costa

Médica Endocrinologista formada pela Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo

Atua em consultório médico particular na Vila Clementino, Zona Sul, São Paulo.




260 visualizações

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page