O sarampo é uma doença infecciosa, altamente contagiosa e potencialmente grave, podendo ocasionar complicações como pneumonia, encefalite, danos neurológicos e óbito. Nos últimos 20 anos a doença estava erradicada no Brasil, com alguns surtos nesse período decorrente de casos importados. Desde o início de 2019 estamos vivenciando um aumento abrupto do número de casos de sarampo no Brasil e no mundo. Dados confirmam que mais de 150 países registraram aumento no número de casos de sarampo, só no Brasil, no primeiro trimestre, houve um aumento de 300% no número de casos quando comparado ao mesmo trimestre de 2018.
A medida mais eficaz para conter o surto e se proteger é a vacinação, uma vez que não existe tratamento específico para a doença. A vacina é a tríplice viral, que protege contra o sarampo, caxumba e rubéola. A recomendação atual é que pessoas entre 1 a 29 anos de idade devem ter duas doses comprovadas da vacina na carteira vacinal, quem tiver apenas uma dose nessa faixa etária deve fazer a dose de reforço, que potencializa os efeitos de uma dose anteriormente recebida. Entre 30 a 59 anos o indivíduo precisa ter pelo menos uma dose da tríplice viral, não necessitando de dose de reforço. E acima de 60 anos o posicionamento da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia esclarece que idosos não estão no grupo prioritário de imunização e que os nascidos antes de 1960 não precisam se vacinar, exceto se o idoso tenha sido exposto ao vírus ou tenha dúvida do seu histórico vacinal, ou seja, sem comprovação de pelo menos uma dose da vacina. Existe também a recomendação de que crianças entre 6 e 11 meses de idade sejam vacinadas e, posteriormente recebam nova dose seguindo o calendário habitual, com 12 meses de idade. A vacina de reforço não deve ser confundida com a "vacina de bloqueio", que deve ser aplicada nas pessoas próximas a um caso confirmado de sarampo, ou seja, pessoas que moram na mesma casa, vizinhos próximos, crianças da mesma creche, escola ou, no caso de adultos, ambiente de trabalho.
Muitos pacientes com diabetes ficam com receio de tomar a vacina ou com dúvidas sobre possíveis contra-indicações no caso de ser portador da doença. Sabe-se que o diabetes compromete a imunidade do indivíduo, tornando-o mais susceptível à infecções no geral. Portanto, a prevenção nesse grupo é fundamental e não existe contra-indicação para a aplicação da vacina, uma vez que os efeitos colaterais geralmente são leves e sem interferência no diabetes. Alguns cuidados são importantes, como evitar a vacina se estiver com alguma outra doença infecciosa, se o diabetes estiver descompensado ou se apresentar outras doenças que afetam a imunidade. Solicitar autorização com o seu médico endocrinologista também é recomendável.
Apesar da campanha de vacinação contra o sarampo ter terminado no final de agosto, é importante salientar que a vacina tríplice viral continuará amplamente disponível nas Unidades Básicas de Saúde para a vacinação de rotina, atualização do esquema vacinal e ações de bloqueio. Portanto, vale conferir na sua carteira de vacinação e na dúvida, procure o seu médico para maiores informações e esclarecimentos.
Dra. Vanessa Aoki Santarosa Costa
Médica Endocrinologista formada pela Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo
Atua em consultório médico particular na Vila Clementino, Zona Sul, São Paulo.