Recentes publicações em mídia leiga, e até não leiga - Associação Brasileira de Harmonização Orofacial (ABRAHOF) e um documento elaborado por pesquisadores da Universidade de Turim na Itália - sobre o uso de altas doses da vitamina D (colecalciferol) para aumentar a imunidade e combater a infecção contra o COVID-19, infelizmente carecem de respaldo científico e preocupam especialistas sobre o uso indiscriminado da vitamina D.
Existe ampla comprovação científica dos benefícios da vitamina D no metabolismo ósseo, sendo a principal indicação de suplementação. Diversos estudos tem sido conduzidos nos últimos anos mostrando os benefícios extra-esqueléticos da vitamina D, inclusive na melhora da imunidade e na ajuda do tratamento de doenças autoimunes, como o diabetes tipo 1. Porém, até o momento não há evidências de que a suplementação de vitamina D em altas doses como divulgada previna ou trate a infecção pelo novo coronavírus. No documento apresentado, os pesquisadores da Universidade de Turim observaram alta prevalência da deficiência da vitamina D nos pacientes hospitalizados pelo COVID-19. No entanto, pacientes idosos e portadores de doenças crônicas são justamente os de maior risco também da deficiência de vitamina D, porém essa associação não determina causalidade entre deficiência e infecção pelo COVID-19.
Altas doses de colecalciferol podem inclusive provocar efeitos deletérios no organismo como piora da reabsorção óssea, fraturas, desencadear hipercalcemia, insuficiência renal, crises convulsivas e até morte. Portanto, antes de usar qualquer medicação, mesmo que seja uma "simples vitamina" consulte o seu médico. Esse é o profissional melhor habilitado para avaliar sua saúde, riscos e benefícios de qualquer tratamento.
Dra. Vanessa Aoki Santarosa Costa
Médica Endocrinologista formada pela Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo
Atua em consultório médico particular na Vila Clementino, Zona Sul, São Paulo.