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Foto do escritorDra. Vanessa Santarosa

Novas tecnologias e medicações para o tratamento do diabetes tipo 1 e tipo 2.


O diabetes é uma das doenças crônicas endocrinológicas mais prevalentes. Trata-se de uma doença inicialmente silenciosa, porém a medida que progride torna-se potencialmente grave e incapacitante, momento em que as complicações crônicas começam a aparecer. Durante as últimas décadas, muitos progressos no tratamento do diabetes trouxeram maior eficácia e comodidade para o dia-a-dia dos pacientes e a cada dia estamos mais próximos do sonho do pâncreas artificial. Essas novidades tecnológicas e farmacológicas são aliados no tratamento do diabetes muito importantes, uma vez que ainda estamos longe da cura do diabetes.

   Tendo em vista a importância dessas novidades iremos explorar esse assunto no texto abaixo e dividiremos em novos medicamentos e novas tecnologias. Portanto, buscaremos explorar um pouco dessas novidades.


Novas Medicações


   Os inibidores da SGLT2 são considerados a classe mais nova de medicamentos para o tratamento do diabetes tipo 2. São representados pelas marcas Foxiga®, Jardiance® e Invokanna®. Foram considerados revolucionários por serem uma classe que atua diretamente no rim e não no pâncreas como a maioria das demais medicações. O SGLT2 é uma proteína transporstadora de glicose presente nos túbulos renais, sua inibição provoca uma maior excreção de glicose na urina, proporcionando reduções no excesso de açúcar no sangue. Adicionalmente, essas medicações contribuem para a perda de peso corporal e redução da pressão arterial e possuem poucos efeitos colaterais. A novidade mais recente relacionada a essa classe de medicaçãoões foi a publicação do estudo EMPA-REG com a empaglifozina (Jardiance®), que demonstrou redução significativa  de 38% na taxa de mortalidadee por causas cardiovasculares, 35% na taxa de hospitalização por insuficiência cardíaca e redução de 32 %  de morte por qualquer causa. Esses dados são muito expressivos e gerou grande entusiasmo da classe médica pois nenhuma outra medicação comprovou tais benefícios.

       Outra classe de medicações mais novas para o tratamento do diabetes do tipo 2 ganhou reforço com a chegada, esse mês às farmácias brasileiras, da dulaglutida (Trulicity®). Trata-se do primeiro análogo de GLP1 de uso semanal no Brasil. Outros análogos de GLP1 já estavam disponíveis porém são de uso diário: liraglutida (Victoza®), exenatide (Byeta®) e lixisenatida (Lyxumia®). Os análogos de GLP-1 são medicações de uso subcutâneo, consideradas de alta potência para o controle do diabetes, com reduções importantes na HbA1c, porém sem o efeito adverso da hipoglicemia. O atrativo da dulaglutida é a administração semanal e o fato da agulha ser acoplada a caneta administradora, o que a torna “invisível” aos olhos do paciente, facilitando assim a aderência ao tratamento. O estudo de segurança cardiovascular da dulaglutida está previsto para 2018, porém sabe-se que os análogos de GLP-1 potencialmente aumentam a frequência cardíaca em 2 a 3 batimentos cardíacos por minuto.



Foto extraída do site: https://www.trulicity.com



Ainda no grupo das novas medicações tivemos recentemente o lançamento no mercado Europeu e Norte Americano da insulina inalatória. A insulina inalável Afrezza® tem ação ultra-rápida atingindo o pico de ação em 15 minutos, por isso deve ser inalada antes das refeições, com a vantagem de ser indolor, porque dispensa a velha e tradicional aplicação com seringa e agulha. Sua única contra-indicação são para pacientes portadores de alguma doença pulmonar como asma e doença pulmonar obstrutiva crônica. Dentro de pouco tempo, esperamos que a insulina inalável chegue ao mercado brasileiro.



Foto extraída do site: https://www.afrezza.com


Novas tecnologias

          Uma etapa fundamental no tratamento do diabetes, sobretudo o do tipo 1, é a necessidade da frequente monitorização da glicemia, a famosa “ponta de dedo”. O relatório de glicemias traz informações valiosas para o médico e paciente e permite um melhor ajuste nas doses e horários das medicações/insulina, além  da identificação de possíveis hipoglicemias e picos hiperglicêmicos. Com a chegada do FreeStyle Libre no mercado brasileiro nesse semestre, tudo isso e mais um pouco será possível sem a necessidade da picada da agulha. O laboratório ABBOTT desenvolveu um pequeno sensor (do tamanho aproximado a uma moeda de 1 real), aplicado na parte superior do braço pelo próprio paciente, que mede de forma contínua as glicemias e armazena os dados durante o dia e a noite. Um leitor (semelhante a um celular pequeno) captura as informações do sensor por meio de um rápido scaneamento de 1 segundo e mostra instantaneamente o valor da glicemia. Isso possibilita que o paciente monitore suas glicemias a cada minuto, ou melhor, segundo. O sensor é resistente à água e deve ser trocado a cada 14 dias. Trata-se do primeiro dispositivo de monitorização de glicemia não acoplado a bomba de insulina e disponível para comercialização. É prático, simples e indolor.



Foto extraída do site: https://www.freestylelibre.com.br


O tratamento mais moderno do diabetes do tipo 1 e que cada vez mais encontra-se difundido em nosso meio é a bomba de insulina. Os dispositivos mais recentes já são acoplados também ao sensor de monitorização contínua da glicemia. A novidade nesses dispositivos foi anunciada pela Medtronic com o lançamento do MiniMed® 630G. O diferencial dessa bomba está na proteção contra a hipoglicemia. O sistema é o primeiro do mundo a suspender automaticamente a administração de insulina quando os níveis de glicose do sensor chegam a níveis perigosos e, sua administração, retoma quando os níveis de glicemia atingem valores normais. Trata-se de mais um passo em direção ao pâncreas artificial. 




     As pesquisas sobre o pâncreas artificial complentam mais de 10 anos e países como Alemanha, Israel e Slovênia lideram esse projeto. O objetivo é que os aparelhos (bomba de insulina, bomba de glucagon – outro hormônio fundamental para o controle glicêmico e o sensor de gicemia) operem sozinhos, independente do controle do ser humano. Testes com o pâncreas artificial vêm sendo conduzidos com grande entusiasmo em Israel, porém a jornada para torná-lo realidade ainda continuará por alguns anos.

        Em fase de testes também está um adesivo inteligente, capaz de detectar o aumento nos níveis de glicose e secretar automaticamente as doses necessárias de insulina na corrente sanguínea. Cientistas americanos das universidades da Carolina do Norte e Estadual da Carolina do Norte desenvolveram um adesivo do tamanho de uma moeda de dez centavos composto de microagulhas contendo insulina e enzimas sensíveis aos níveis de glicose. A medida que os níveis de glicose aumentam no sangue essas enzimas detectam e sinalizam liberando insulina para a corrente sanguínia. Os testes foram feitos em camundongos e os resultados positivos foram publicados no segundo semestre de 2015 no periódico “Proceedings of the National Academy of Sciences”. O uso de adesivos como veículo de medicações não é novo, porém seria uma verdadeira revolução para o mundo do diabetes, trazendo maior, conforto, comodidade e qualidade de vida para nossos pacientes diabéticos. Certamente daqui alguns anos, essas tecnologias se tornarão realidade.




As informações acima possuem caráter meramente informativo sem qualquer conflito de interesse com as indústrias farmacêuticas sitadas no texto.

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