Adenomas Hipofisários
Os adenomas hipofisários são tumores benignos da hipófise, glândula endócrina localizada na sela túrcica e responsável pela produção de diversos hormônios que controlam e estimulam outras glândulas do organismo. Os adenomas podem ser classificados em não secretores ou não funcionantes, ou seja, não produtores de hormônios, ou secretores quando produzem um ou mais hormônios. A produção de determinados hormônios pelos adenomas originam doenças específicas decorrente de excesso de hormônios tais como: hormônio do crescimento levando ao gigantismo ou acromegalia, prolactina ocasionando o prolactinoma e o cortisol ocasionando a Doença de Cushing. Os adenomas não funcionantes representam 20 a 30% desses tumores e o adenoma funcionante mais comum é o prolactinoma.
A sintomatologia desses tumores decorre ou da produção excessiva de hormônios ou do crescimento e invasão do tumor de áreas vizinhas, ocasionando muitas vezes cefaléia e perda de campo visual pela compressão do quiasma óptico, estrutura localizada logo acima da hipófise. A produção excessiva do hormônio do crescimento leva ao crescimento linear exagerado nas crianças e aumento das extremidades e crescimento de partes moles no adulto, o excesso na produção de cortisol ocasiona a síndrome de Cushing caracterizada pelo ganho de peso, fáscies arredondada, fraqueza muscular, edema, estrias grossas e violáceas dentre outros sintomas.
A confirmação do diagnóstico baseia-se no quadro clínico associado às dosagens hormonais e exame de ressonância magnética da sela túrcica. O tratamento no geral é cirúrgico, sendo a principal via de ressecção a transesfenoidal (endonasal). A excessão são para os adenomas não funcionantes pequenos que no geral são acompanhados clinicamentes e para os prolactinomas, cujo o principal tratamento é medicamentoso.
Prolactinomas
O prolactinoma é o tumor benigno hipofisário mais comum, acomete mais o sexo feminino na proporção 20:1 na faixa etária entre 20-50 anos . A prolactina é o hormônio responsável pela lactação não tendo muita importância no sexo masculino. O excesso de prolactina no entanto causa sintomas em ambos os sexos, sendo os principais alteração da libido, galactorréia, redução da pilificação corporal, infertilidade e alteração do ciclo menstrual na mulher. A medida em que o tumor cresce, outros sintomas decorrentes da expansão tumoral podem ocorrer como cefaléia, perda do campo visual e até hipopituitarismo devido a compressão de tecido hipofisário normal ocasionando déficit na secreção dos demais hormônios hipofisários. A suspeita clínica decorre da sintomatologia referida e a confirmação diagnóstica pode ser feita pela dosagem da prolactina em associação a uma imagem de ressonância magnética da sela túrcica. O tratamento baseia-se na administração de agonistas dopaminérgicos como a cabergolina e a bromocriptina que reduzem os níveis de prolactina e o tamanho tumoral em até 90% dos casos. Em alguns casos, a cirurgia transesfenoidal pode ser necessária.
Hipopituitarismo
A hipófise produz uma série de hormônios que estimulam outras glândulas endócrinas periféricas a sintetizar e secretar hormônios envolvidos em funções variadas tais como controle do gasto energético, crescimento, maturação sexual, fertilidade, regulação do metabolismo de carboidratos, lipídeos e proteínas e manutenção do balanço hidroeletrolítico. A deficiência na produção ou na ação de mais de um dos hormônios da adenohipófise é denominada hipopituitarismo. As causas do hipopituitarismo são as mais diversas desde o trauma craniano até doenças mais raras como a sarcoidose e algumas doenças genéticas. No quadro 1 estão listadas as principais causas do hipopituitarismo. Os sintomas do hipopituitarismo dependem de qual ou quais setores celulares foram acometidos e da gravidade da deficiência hormonal. A deficiência do hormônio do crescimento (DGH), por exemplo, é a deficiência mais freqüente nos portadores de doenças hipotálamo-hipofisárias, causa baixa estatura nas crianças e alguns sintomas mais vagos nos adultos como fadiga, distúrbios do sono, depressão, diminuição da vitalidade e alteração da composição corporal, com aumento da massa gorda e perda de massa magra. Já a deficiência de gonadotrofinas (LH, FSH) causa diminuição da produção dos esteróides sexuais pelas gônadas, ocasionando na criança atraso do desenvolvimento puberal, na mulher amenorréia, diminuição da libido, atrofia mamária, infertilidade e perda de massa óssea e no homem diminuição da libido, impotência, infertilidade, distúrbios do sono, perda de massa muscular e óssea. A deficiência tireotrófica (ou hipotireoidismo central) leva ao hipotiroidismo secundário cujo quadro é semelhante ao do hipotireoidismo primário. Por fim, as células produtoras de ACTH estão entre as mais resistentes e no geral são a últimas a terem sua função comprometida. A deficiência do ACTH causa o hipocortisolismo e os principais sinais e sintomas são: anorexia, náuseas, vômitos, perda de peso, astenia, dor abdominal e hipotensão postural. A deficiência do hormônio antidiurético - ADH, levando ao quadro clínico de diabetes insipidus, é menos freqüente do que as as outras deficiências.
Dra. Vanessa Aoki Santarosa Costa
Médica Endocrinologista formada pela Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo
Mestrado pela Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo
Atua em consultório médico particular na Vila Mariana, Zona Sul, São Paulo.