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Foto do escritorDra. Vanessa Santarosa

Diabetes Gestacional - Diagnóstico e Tratamento



O diabetes gestacional é a doença metabólica mais prevalente na gestação e pode acometer até 25% das gestantes de acordo com os critérios diagnósticos mais recentes. O diagnóstico de diabetes gestacional varia de acordo com os critérios adotados, ainda não existe um consenso na literatura para os pontos de corte de glicemia na gestação porém o que notamos é uma tendência de cada vez mais os valores se tornarem mais rígidos e dessa forma a incidência de casos de diabetes gestacional vem aumentando cada vez mais. Alguns fatores de risco para o diabetes gestacional precisam ser lembrados, são eles: idade superior a 35 anos, histórico familiar de diabetes, excesso de peso (sobrepeso ou obesidade), síndrome dos ovários policísticos, antecedente obstétrico de abortos de repetição, malformações fetais, líquido aminiótico aumentado, hipertensão ou pré eclâmpsia.

     É recomendado na primeira consulta do pré natal realizar a glicemia de jejum, caso o valor encontrado seja superior ou igual a 126mg/dl a gestante recebe o diagnóstico de diabetes do tipo 2, ou seja, ela já apresentava diabetes antes da gestação. Caso a glicemia esteja entre 92 e 126mg/dl, é feito o diagnóstico de diabetes gestacional, sempre confirmando com uma segunda medida de glicemia. E finalmente se a glicemia for inferior a 92mg/dl, a gestante deve ser reavaliada no 2o semestre entre a 24a e 28a semana de gestação com uma curva glicêmica. Existe mais de um tipo de curva glicêmica que pode ser utilizada nessa avaliação, porém a mais adequada segundo os diversos consensos é a curva de 2h com 3 pontos. Desde 2010, após o grande estudo observacional HAPO (Hyperglycemia and Adverse Pregnancy Outcomes) envolvendo mais de 20.000 gestantes que avaliou um ponto de corte que correlaciona hiperglicemia materna a eventos perinatais adversos, foram propostos novos pontos de corte para a curva glicêmica de 2h: jejum ≥ 92mg/dl, 1h ≥ 180mg/dl e 2h ≥ 153 mg/. Um ponto alterado na curva já faz o diagnóstico do diabetes gestacional. Esses são os critérios atualmente adotados pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. 

     O diabetes gestacional é silencioso, porém está relacionado a uma série de eventos adversos maternos e fetais como: macrossomia (peso fetal superior a 4Kg), hipoglicemia neonatal, malformações fetais, aumento do risco de aborto, hipertensão e pré eclâmpsia, dentre outros; portanto a identificação e tratamento precoces é fundamental para o bem estar materno-fetal e sucesso da gestação. Inicialmente o tratamento do diabetes gestacional envolve mudança do hábito alimentar e a prática de atividade física se não tiver contra-indicação obstétrica. A ingesta calórica deve ser calculada a partir do índice de massa corpórea para garantir um peso adequado e evitar o ganho excessivo de peso. O ideal seria um ganho aproximado de 400g por semana a partir do 2o trimestre de gestação. Recomenda-se que do total de calorias 40% seja carboidratos, 20% proteínas e 35% de gorduras. Na gestação é permitido o uso moderado de adoçantes como o aspartame, a sucralose e a sacarina. A monitorização da glicemia deve ser feita 4x/dia através da glicemia capilar com medidas em jejum e 1h pós prandial (1h após o café, almoço e jantar). As metas de glicemia para um bom controle do diabetes gestacional são: jejum < 95mg/dl e 1h pós prandial < 140mg/dl, se após 2 semanas de dieta e atividade física as glicemias não atingirem os alvos, é indicado o tratamento com insulina, pois a maioria das medicações de uso via oral para o diabetes são contra-indicadas na gestação. A dose de insulina inicial é em média 0,5U/kg dividida em 1 ou mais aplicações diárias e deve ser ajustada conforme os controles glicêmicos realizados diariamente pela gestante. Pode-se usar mais de um tipo de insulina e as principais são: insulina NPH de ação intermediária e a detemir de ação ultra lenta, a insulina regular de ação rápida e as ultra-rápidas como asparte e lispro.  No diabetes gestacional, após o parto, observa-se na maioria das gestantes normalização da glicemia e suspensão do uso da insulina. No entanto, mulheres que receberam o diagnóstico de diabetes na gestação apresentam um maior risco de desenvolver o diabetes do tipo 2 ao longo da vida, portanto recomenda-se que 2 meses após o parto seja realizado a curva glicêmica para avaliação do níveis de glicemia e anualmente essas mulheres devem passar por avaliação médica com o intuito preventivo.


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