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Foto do escritorDra. Vanessa Santarosa

O que é mais benéfico para a saúde: carboidratos ou gorduras?



Cada vez mais ganha-se popularidade as dietas pobres em carboidratos (denominadas low carb) tanto para o emagrecimento como para estratégia no controle de doenças crônicas como o diabetes por exemplo, e até mesmo como sinônimo de uma dieta mais saudável e livre de excessos. No entanto, as pesquisas nesse sentido apontam que o baixo consumo de carboidratos a longo prazo pode ser maléfico para a saúde. Estudo de meta-análise publicado no Lancet em agosto desse ano avaliou mais de 400.000 participantes em estudos de inquérito populacional sobre a composição da dieta dos participantes. Os resultados mostraram que uma dieta rica em carboidratos (>70% das calorias ingeridas ) assim como dietas mais pobres em carboidratos (<40% das calorias ingeridas) se associaram a um aumento considerável da mortalidade. Dietas nas quais a ingestão de carboidratos se aproximam de uma dieta balanceada com 50-55% de ingesta de carboidratos se associaram com um risco mínimo de mortalidade. A compilação de estudos dessa meta-análise sugere uma relação em "U" entre a expectativa de vida e o consumo de carboidratos, em que os extremos se correlacionam com maior mortalidade.

Entretanto, uma análise importante é que esses resultados variaram de acordo com a fonte da substituição dos carboidratos: dietas low carb que predominavam gorduras e proteínas de origem animal, como carne vermelha, foram associados a maior mortalidade, enquanto que dietas low carb cujo o predomínio era de proteínas e gorduras de origem vegetal como manteiga, nozes e amendoim foram associados com menor mortalidade. Ou seja, a qualidade ou fonte da gordura que predomina na dieta modifica substancialmente a associação entre consumo de carboidratos e mortalidade.

Previamente, o estudo PURE que avaliou 130 mil indivíduos em diversos países (incluindo o Brasil), também analisando a composição da dieta dos participantes, mostrou que o maior consumo de carboidratos aumentou o risco de morte em quase 30%, ao passo que um consumo maior de gorduras estaria associado a um risco de quase 25% a menos de morte por todas as causas. A análise superficial desses resultados induziriam a pensar que ingerir mais gorduras e menos carboidratos seria o ideal para a saúde. Será mesmo? Os vieses do estudo foram vários, desde a definição de “maior consumo” até a diferenciação das fontes de carboidratos e das gorduras. O “maior consumo de gorduras foi na verdade uma porcentagem de 35%, ou seja, ainda dentro do considerado apropriado nas principais diretrizes de dieta balanceada (que deve conter de 20 a 35% de gorduras). Da mesma forma, o estudo não conseguiu diferenciar dietas contendo a mesma quantidade de gorduras e carboidratos porém com qualidades extremamente opostas (ex: dietas ricas em refrigerantes e industrializados x ricas em carboidratos integrais, contendo a mesma quantidade de carboidratos gerais mas sem levar em consideração a qualidade). Ou seja, talvez não se trata apenas de comer mais ou menos gordura e carboidrato, e sim dar atenção a qualidade da fonte da qual advém o macronutriente.

Mais uma vez, os estudos científicos nos mostram que extremos não fazem bem a saúde. Gorduras e carboidratos não são vilões desde que consumidos dentro de um padrão alimentar balanceado e saudável. O bom senso ainda prevalece!


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